quinta-feira, 12 de julho de 2012

Suspiro!



Quando uma relação termina, independente do tipo, sempre deixa um sabor agridoce. Ainda que seja possível focar na aventura do novo, o que se perdeu exige um período de luto e introspecção. Dois mundos se encontraram e por um tempo criaram algo único. Embora nunca sejamos apenas um, o hábito cria essa sensação ilusória e deixar ir dói como se estivéssemos perdendo uma parte física de nós mesmos. Na realidade, estamos sim nos desfazendo de algo interno que somente e exclusivamente a outra pessoa consegue ativar, mas não se trata jamais de algo que nos faz menores ou piores. Conviver com alguém nos coloca num processo criativo, num movimento de desafios constantes que abre grandes possibilidades. Importante ressaltar que é como se vive a relação que determina o ganho ou perda e não com quem. O outro será sempre externo e nossa vida de fato acontece internamente. Passei os últimos quatro anos envolvida com uma pessoa que me trouxe de volta a verdade do meu coração. Alguém que desperta o que considero ser o melhor de mim. E ainda assim não me sinto capaz de dizer que realmente fomos capazes de nos encontrar. Hoje percebo quão importante foi atrair o que considero ter sido meu maior engano. Porque na tentativa de partilhar o que vi em potencial, finalmente entendi que se relacionar tem muito mais a ver com ser honesta com nossos sentimentos do que esperar dividir com o outro. Foram momentos complicados e intensos, que flutuaram do sim ao estrondoso : Não quero você! Uma montanha russa de eventos difusos e confusos, atrapalhados e atrasados que me testaram internamente e serviram para questionar o que quero e espero de uma relação, tanto minha com o outro, quanto e principalmente minha comigo mesma. Quem quero ser, como quero ser, o que posso dar e o que espero receber. Durante todo esse período, sem saber como ou porquê, não pude abrir mão do que sentia internamente. Sou extremamente grata a vida por ter intercedido e me obrigado a me mover na sinceridade do sentimento independente de certo ou errado, bom ou mau, ou qualquer outro julgamento. Simplesmente me vi crescendo em amor e me deixei levar. Um amor gozado, porque voltado para o outro, mas erguido no melhor para mim. Divinamente desconhecido e incrivelmente restaurador. A sensação era ter uma voz constante soprando na minha orelha... Seja o melhor que pode ser. E fui! Com todas as sabotagens nascidas do medo da perda, com todos os tropeços de quem não quer ser machucada, com todas as trapalhadas de quem se descobre mais infantil do que supunha ser. É muito esquisito abrir mão de uma relação em que se acredita, justamente porque se acredita. Pela primeira vez em minha vida não me permiti negociar porque acreditei no valor das pessoas envolvidas. O que é para ser ótimo não deve ser mais ou menos. O coração sabe que na totalidade tudo é possível, mas no medo e na barganha algo se parte e machuca. Amei com clareza o suficiente para não aceitar o comum e estragar o que considero presente abençoado da vida. Não cheguei aonde queria, não tive o que desejo ainda, não fui amada na mesma proporção. E me sinto bem apesar disso. Difícil não é lidar com a tristeza da ausência ou raiva do não recebido, mas sim com a esperança de ver os frutos de uma semente que foi plantada com muita atenção e zelo. Esperar aprisiona... E merecemos a liberdade de caminhos que se separaram. Sem cobranças, sem resíduos. Usar o amor represado para desejar verdadeiramente o melhor para alguém que escolhe não fazer parte de nossa vida... Uma lição que estou aprendendo...

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