Falar de Karma sempre sugere um peso religioso. Pagar
pelas faltas cometidas, crescer pelo sofrimento, arcar com as conseqüências de
erros anteriores.
Um tom de inevitável se instala e gera um espaço
sedutor de sofrer para ter valor.
Gosto de pensar em Karma como possibilidade de
transformação. Crise que desperta nossa vontade de elevação.
Existem duas formas de encarar a vida: destino ou
processo criativo. Se aceito a noção de que o que me acontece não depende de
minha vontade, me deixo aprisionar num circulo vicioso reativo que me mantém
sempre no papel de vítima. Mas, se abraço cada evento como algo que pode ser
transformado pela minha participação ativa, acordo para a chama divina que
existe em cada um de nós.
Osho fala que milhares de anos de erros podem ser
dissolvidos em um segundo de plena consciência. Não só concordo como percebo a
justiça dentro dessa colocação.
E nisso se encontra o grande desafio da vida.
Reconhecer nossa capacidade de alterar nossos padrões de comportamento que
perpetuam nossa jornada em águas kármicas. Trabalhoso processo de resgate que
exige empenho e persistência, além de boa parcela de dor. Mas, que abre as
portas para uma caminhada muito mais divertida, leve e feliz. Aliás, se dar ao
direito de ser feliz é uma das mais efetivas ferramentas para sair das garras
do destino.
Nossas barreiras, nossos medos, nossas preocupações,
são demonstrativos de nosso descompasso e desequilíbrio no fluir ritmado com a
energia natural. Como se dançássemos fora da batida da música e culpássemos a
mesma pela nossa falta de sincronia. Talvez, seja realmente impossível trocar o
cd, mas nada há que impeça que nos entreguemos a canção e encontremos prazer na
rendição ao pulsar da melodia.
Outro dia encontrei a frase: “... Quem se retarda por
gosto não pode queixar-se de quem avança.” Achei perfeito!
Seja individualmente ou em parceria, nossa
responsabilidade maior é encontrar o passo harmônico com os eventos da vida.
Não importando o grau de envolvimento emocional, o objetivo deveria ser sempre o
melhor que podemos ser. E em alguns casos, isso se traduz na tarefa árdua de
deixar o que nos aprisiona para trás, seja pessoa ou situação. Enfrentar o
risco de deixar alguém que nos é caro ficar no passado para que possamos
continuar crescendo, pode ser visto tanto como egoísmo quanto como respeito a
si próprio e ao outro. Na visão que perpetua o nó kármico, priorizamos o
sacrifício, sofrendo diariamente na resistência alheia e nutrindo um
ressentimento disfarçado de amor abnegado. Na oportunidade de evolução, fazemos
o que podemos e respeitamos não só os limites alheios, mas também o potencial
de transformação do outro. Acreditar que cada um é capaz de cuidar da sua própria
vida gera um espaço respeitoso e libertador, ainda que nos obrigue a lidar com
a verdade incomoda de não sermos indispensáveis.
Crescer é fazer escolhas a cada segundo. Assumir
riscos, mudar.... Conscientemente desfazer condutas que se provaram
ineficientes e recomeçar. Sair da roda do destino e acordar para a dança
perfeita do universo. Soltar as amarras do passado e livremente construir um
presente feliz!
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