quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Karma



Falar de Karma sempre sugere um peso religioso. Pagar pelas faltas cometidas, crescer pelo sofrimento, arcar com as conseqüências de erros anteriores.
Um tom de inevitável se instala e gera um espaço sedutor de sofrer para ter valor.
Gosto de pensar em Karma como possibilidade de transformação. Crise que desperta nossa vontade de elevação.
Existem duas formas de encarar a vida: destino ou processo criativo. Se aceito a noção de que o que me acontece não depende de minha vontade, me deixo aprisionar num circulo vicioso reativo que me mantém sempre no papel de vítima. Mas, se abraço cada evento como algo que pode ser transformado pela minha participação ativa, acordo para a chama divina que existe em cada um de nós.
Osho fala que milhares de anos de erros podem ser dissolvidos em um segundo de plena consciência. Não só concordo como percebo a justiça dentro dessa colocação.
E nisso se encontra o grande desafio da vida. Reconhecer nossa capacidade de alterar nossos padrões de comportamento que perpetuam nossa jornada em águas kármicas. Trabalhoso processo de resgate que exige empenho e persistência, além de boa parcela de dor. Mas, que abre as portas para uma caminhada muito mais divertida, leve e feliz. Aliás, se dar ao direito de ser feliz é uma das mais efetivas ferramentas para sair das garras do destino.
Nossas barreiras, nossos medos, nossas preocupações, são demonstrativos de nosso descompasso e desequilíbrio no fluir ritmado com a energia natural. Como se dançássemos fora da batida da música e culpássemos a mesma pela nossa falta de sincronia. Talvez, seja realmente impossível trocar o cd, mas nada há que impeça que nos entreguemos a canção e encontremos prazer na rendição ao pulsar da melodia.
Outro dia encontrei a frase: “... Quem se retarda por gosto não pode queixar-se de quem avança.” Achei perfeito!
Seja individualmente ou em parceria, nossa responsabilidade maior é encontrar o passo harmônico com os eventos da vida. Não importando o grau de envolvimento emocional, o objetivo deveria ser sempre o melhor que podemos ser. E em alguns casos, isso se traduz na tarefa árdua de deixar o que nos aprisiona para trás, seja pessoa ou situação. Enfrentar o risco de deixar alguém que nos é caro ficar no passado para que possamos continuar crescendo, pode ser visto tanto como egoísmo quanto como respeito a si próprio e ao outro. Na visão que perpetua o nó kármico, priorizamos o sacrifício, sofrendo diariamente na resistência alheia e nutrindo um ressentimento disfarçado de amor abnegado. Na oportunidade de evolução, fazemos o que podemos e respeitamos não só os limites alheios, mas também o potencial de transformação do outro. Acreditar que cada um é capaz de cuidar da sua própria vida gera um espaço respeitoso e libertador, ainda que nos obrigue a lidar com a verdade incomoda de não sermos indispensáveis. 
Crescer é fazer escolhas a cada segundo. Assumir riscos, mudar.... Conscientemente desfazer condutas que se provaram ineficientes e recomeçar. Sair da roda do destino e acordar para a dança perfeita do universo. Soltar as amarras do passado e livremente construir um presente feliz!

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