sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Remendo



Outro dia vi a seguinte frase: “Existem pessoas que tem medo das mudanças, eu tenho medo das pessoas que não mudam”. Fiquei pensando no assunto e percebi que existe outra possibilidade que me assusta de fato; são pessoas que mudam apenas o suficiente para ficarem exatamente no mesmo lugar.
Quando era adolescente, li o Leopardo de Giuseppe di Lampadusa. Um clássico que resume o que estou dizendo na frase: "se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude".
E assim fazemos com frequência. Buscamos maneiras de remendar para manter. E não posso dizer que não seja criativo e até saudável buscar formas de preservar pessoas ou eventos. 
Vale lembrar, no entanto, que remendos sugerem desgaste e declínio. Algo foi rompido, quebrado. E como tudo na vida tem limite e prazo de validade.
Deixar ir é uma das mais dolorosas expressões de respeito.
E aceitar isso certamente eleva o ser humano, já que significa compreender a vida como um processo de nascimento e morte.
O que fica fora desse processo de constante transformação certamente vai se mostrar pouco saudável no final.
Por isso, pessoas que não mudam... passam ignoradas na falta de força ou consistência.
Mas, as que parecem mudar... Essas são perigosas. Criam a ilusão do movimento e sabotam o mundo num ciclo que não se renova.
Essas sim... Me assustam.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Mudando...


Com tanta opinião apaixonada sobre esse final de ano, fica complicado não ser seduzida a olhar mais detalhadamente para a própria vida.  Se o mundo explodir, tudo fica fácil... rsrs. Mas, e se não?
Tenho percebido uma imensa dificuldade em escrever. O que antes servia para focalizar, hoje se apresenta como um árduo processo de questionamento. Minha visão está mudando, meus filtros estão se mostrando ineficientes. Não importando o assunto, descubro que sei muito pouco. E como posso me sentir apta para escrever, se ao invés dos costumeiros pontos de exclamação, sou desafiada por não tão carinhosos pontos de interrogação?
Parece que estou superando meu emocional obsessivo e descobrindo uma consciência espiritual emergente. Não mais tantas verdades absolutas.  Mais um estado de deslumbramento ansioso procurando relaxar nos mistérios da vida.
O que antes parecia óbvio, hoje se mostra surpreendente. E ainda assim, mais leve, mais compassivo, mais interessante.
É como se tivesse desligado o modo racionalização dissecadora, para a inspiração encantada.
Muito bom abrir mão da tentativa de entender para controlar e descansar na intenção de aceitar o que simplesmente é. Sem tentar alterar, sobra energia para abraçar, receber e responder com menos tensão.
A vida sempre sabe melhor. Confiar expande o coração. E nesse processo de entrega, a visão ampliada revela tons desconhecidos.  Como criança pintando os mesmos pontilhados com novas cores, novos traços... Encantamento!
Liberdade de não saber tudo, e ainda assim entender o sentido muito mais profundo!
Bom sorrir afetuosamente na ignorância de ser apenas humana. Humildade que derruba muros para que a vida chegue em grande estilo. Gostosa aventura de estar absorvida na brincadeira e me deixar levar.