Quando
comecei a me trabalhar não imaginava que permaneceria
descobrindo novos espaços internos a cada momento.
Imaginei que auto conhecimento fosse um processo com limites claros.
Felizmente, me descobri vergonhosamente errada.
Hoje, me
percebo como algo que se transforma o tempo todo e que varia de formas difíceis de descrever. E para tornar tudo ainda mais
interessante, sinto que não se trata de partes
interagindo separadamente e sim de um complexo mecanismo com milhares de sutis
ou densas engrenagens que se harmonizam ou desequilibram o tempo todo. E que se
refazem a cada segundo. Uma constante busca de integração ocorre independente de estar consciente ou não. São camadas que se sobrepõe e onde qualquer alteração afeta todo o sistema.
Recebi 03
massagens da mesma terapeuta num intervalo de vinte dias. Fiquei encantada como
respondi a cada uma delas. Na primeira, todo o corpo se mostrou receptivo e
quase faminto por liberação emocional e nutrição energética. Foi uma experiência profunda de entrega e
cura. Na segunda, uma sensação mais serena e confiante. O
corpo descansado se mostrando mais
claramente e uma abertura de coração pela gratidão do cuidado recebido. Para fechar o ciclo e já entrando na energia de volta para casa, senti o corpo
muito vulnerável e inconstante,
escorregando da entrega para a proteção e dividido entre o conforto
do equilíbrio e a volta para a tensão do dia a dia.
Ficou
claro que não existe divisão . Corpo, mente, sentimento e energia se entrelaçam. Não importa quão pequeno seja o movimento de uma parte, todo o resto reage
em resposta. Parecem
níveis interdependentes que estão constantemente se
readaptando porque sofrem mudanças de forma, peso e tamanho
ininterruptamente. Alterar uma parte certamente afetará as outras.
Lembro
que no inicio da minha busca, minha sensibilidade se restringia a perceber tensão ou relaxamento físico e ainda assim de forma
bem pouco rebuscada. Os sentimentos eram compreendidos como problemas a serem
resolvidos ou controlados. Não imaginava como olhar para
dentro me levaria para esse mundo complexo e diversificado onde me
encontro. Nesse instante fico
deslumbrada com a profundidade existente em cada ser humano. Como é rico o universo físico, emocional e energético.
Essa
crescente consciência pessoal mostra estados e
sentimentos que enraízam a sensação do divino dentro de nós. E acorda um senso de
responsabilidade individual que as vezes chega a apavorar. Apesar de nossa
capacidade de adaptação e sobrevivência, quando nos percebemos mais claramente, entendemos que
precisamos manter um equilíbrio para sermos capazes de
atingir nosso potencial.
A vida
que levamos pode não nos aniquilar, mas
certamente nos machuca profundamente, porque não valoriza esse conceito de
totalidade.
Quem toca
meu corpo, alcança minha alma. Quem me atinge
com palavras ou simples energia, altera meu mundo interior por completo.
Talvez,
isso soe exagerado, mas é exatamente o que acontece
quando começamos a estudar qualquer coisa.
Vinhos, por exemplo. De saída, não seremos capazes de notar grandes diferenças. Mas, com empenho e paciência nossa sensibilidade será de tal forma apurada, que parecerá incrível lembrar que éramos tão toscos no começo. E naturalmente um imenso estado de deslumbramento surgirá na percepção das inúmeras diferenças e nuances.
Sentada,
aqui e agora, num lindo jardim, me descubro consciente de muitas alterações internas, movimentos emocionais, respostas físicas, e busco aprofundar a respiração para usufruir da emoção de ser tão rica. Estar disponível ao que acontece em tantas
diferentes camadas, ser capaz de validar o que sinto mesmo percebendo que muda
a cada segundo, confiar nesse constante equilibrar e desequilibrar, me leve a
crer que felicidade é simplesmente se entregar ao
fluxo de vida que nos envolve todo o tempo.
Somos
indivíduos que materializam vida,
cada qual com uma qualidade distinta. Enquanto fechados e protegidos, mantemos
nossa consciência embrutecida e rasa. Mas,
conforme arriscamos apurar os sentidos, fica fácil compreender que em verdade
fazemos parte de algo que jamais seremos capazes de explicar e que nos mantém ligados de forma inquestionável. Perceber essa teia
envolvendo a todos conforta e cura. Além de nos elevar em consciência e com isso expandir nossa capacidade de perceber a
fantástica sabedoria que está sempre a disposição. Quando enxergamos o sagrado
no simples, o profundo no habitual e o intenso na matéria, explodimos numa chama que nos leva de volta para casa
em alegria, silencio e um amor que reverencia a tudo e a todos!
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