sexta-feira, 9 de julho de 2010

Medo de ficar sozinha


Para início de conversa pensemos no número de pessoas que existem no mundo. Não sei ao certo como conseguimos imaginar que no meio de tanta gente interessante, apenas um individuo seja o parceiro ideal e eterno para outro. Esse papo de alma gêmea, cara metade, etc, cai no caso da síndrome de papagaio (invenção minha!). Chamo assim o habito que criamos de repetir frases idiotas como se fossem a mais pura verdade. Quem já não se pegou dizendo a pérola: Não posso namorar com ele, afinal é meu amigo? Sempre estranhei o conceito de que amizade deve ser algo inexistente numa relação. Muito difícil entender que temos que escolher um não amigo, ou inimigo para criar laços. Mas, como criar laços com alguém que não consideramos amigo? Ainda assim, principalmente no caso feminino, a atração vai na direção do bad boy. Esse interesse pelo perigo tem seu mérito e explicação, mas deveria permanecer na adolescência. Gostar de adrenalina, insegurança, desafio pode ser algo muito criativo e estimular muito crescimento emocional. O problema é saber reconhecer quando deixa de ser saudável e se torna apenas fonte de decepção. Usar todas as forças para transformar uma pessoa em algo que ela não é ou quer ser, é perda de tempo. E nesse caso tempo é perda de vida e nutrição emocional.
Para justificar essa luta que já nasceu perdida, recorremos à outras frases de efeito: Com o tempo tudo se ajeita, Melhor com ele que sozinha, Temos uma história, Pelo bem dos filhos, etc... blá, blá, blá!
Felizmente, algo dentro de cada ser humano nunca abre mão em definitivo de buscar a sanidade e o prazer. Não sei explicar qual é essa parte persistente que se recusa a se deixar definhar “ad infinitum”.
Ninguém merece permanecer aprisionado numa relação subnutrida e no fundo todos nós sabemos disso.
Voltemos ao número de pessoas no mundo... Será que realmente é necessário ter medo da solidão? Solidão, de fato, é se relacionar com alguém que ignora nossa existência. Solidão é ser incapaz de conectar. Solidão é aceitar migalhas de amor, pagando o preço de viver emparedada por muros de tristeza e decepção. Se arrastar na sombra de alguém que nos faz menores do que somos em realidade, ainda que carregue o belo conceito de que somos tão fortes que podemos amar por dois, também é estar só.
No fundo acho que o problema não é medo de estar só, porque na maioria das relações atuais todos estão lidando com essa dor e fazendo um esforço impressionante para se manterem paralisados nessa situação que já percebem conscientemente ser aquém do desejado. Parece-me que o medo é olhar que não nos sentimos merecedores de algo melhor. Pensamos que não somos bons o bastante. E evitamos o que dói de fato: - Não sabemos como nos amar! Não nos damos chance de crescer, ousar e verdadeiramente amar. Restringimos-nos ao valor que outros podem nos dar por nossa utilidade e eficiência. Assim o faz também qualquer torradeira ou geladeira. Prestar serviços é algo que devia ser remunerado e reconhecido e não é de maneira alguma demonstração de amor.
Aquele que aceita uma relação infeliz, estressante, humilhante, desequilibrada, o faz por falta de amor próprio! É a ausência do sentimento real que aprisiona, emburrece, cega e fecha portas e janelas. Resumindo de forma grosseira: Medo de ficar só é fugir da verdade de que não estamos conscientes de nosso próprio valor. Estamos desconectados de nossa sabedoria inata, adormecidos de nossos dons e incrédulos de nossos potencias. E nesse espaço fica bem difícil deixar que alguém se aproxime. O primeiro passo é ser seu próprio melhor amigo. Reconheça a si próprio, aceite-se , perdoe-se, até que seja confortável estar conectado com sua própria verdade.
Então, lembre-se de ser matematicamente racional.... faça contas.... com tantas pessoas interessantes por aí... certamente encontrará no mínimo alguns milhares de indivíduos que serão capazes de lhe ver, compreender, e se permitir, lhe amar de verdade. Sua escolha e responsabilidade!

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