terça-feira, 23 de março de 2010

Quanto vale o sorriso de um filho?


Recebi outro dia a foto do filho de um amigo. Impossível não sentir o coração aquecido pelo sorriso que estampava no rostinho inocente. De repente, a frase: “Isso não tem preço!” soou dentro e com ela a pergunta: Então quanto vale?
Isso mesmo? Quanto vale o sorriso do seu filho? Será que alguém já se deu o trabalho de olhar para isso honestamente?
Toda criança é feliz até que deixa de ser. O estado confiante e relaxado que trás ao nascer vai sendo transformado pela escolhas das pessoas responsáveis por sua criação. E não me parece que o mundo adulto esteja comprometido com o que é realmente indispensável para manter a possibilidade do sorriso límpido e espontâneo.
O discurso sobre o mundo cruel lá de fora, as preocupações com sobrevivência, as negligências com alimentação e bem estar, a falta de coragem em manter a comunicação emocional, e tantos outros fatores provam que estamos mais comprometidos com motivos para deixar de sorrir do que com o inverso. Criamos o hábito de nos sacrificar pelo outro sem perceber que nossa infelicidade, cansaço, desrespeito aos próprios limites e concordância passiva com toda essa loucura, cobra o preço no exemplo que passamos a dar. Impacientes, automatizados e meio surdos, deixamos de nutrir a base essencial para que nossos filhos possam sentir verdadeira alegria. Inconscientemente deixamos que se transformem em fardos ou tarefas e problemas que também devem ser administrados e resolvidos. Criamos um quadro desarmônico, onde as relações afetivas não são mais do que convivência obrigatória onde impera a contenção da criatividade e espontaneidade infantil, tudo pelo bem da criança que precisa ser “educada”, é claro! Não! Não é claro e muito menos justo! Compreensível certamente, mas nem por isso correto ou imutável.
Falar de amor não é algo fácil. Viver em amor dá um trabalho imenso. Só que no amor, nossas forças são alimentadas o tempo todo. E no final das contas, passamos a vida inteira em busca da sensação de amar e ser amado. Por que não aproveitar a pergunta e reavaliar o que estamos fazendo? Certamente, existem pequeninos passos que podemos dar para começar o caminho de volta. Nada esmagadoramente exigente. Talvez, uma respiração profunda para nos trazer de volta ao momento e preencher um beijo de presença e verdade. Talvez, desligar o celular pela meia hora que prometeu gastar brincando com seu filho. Pequenos gestos com grandes intenções. Apenas uma viradinha no olhar, um reconhecimento do coração e quem sabe consegue perceber que o sorriso do filho é na verdade o reflexo do que realmente importa e faz sentido. Entender a fonte da alegria e mantê-la viva... nossa responsabilidade, nosso valor!

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