sábado, 6 de março de 2010

Amar se amando




Cada um define o amor de seu jeito. Eu escolhi traduzir como aceitação incondicional. Sinto-me amada quando posso ser o que sou sem receios de críticas, represálias e abandono.
Seja nos casamentos ou nas relações familiares, o que tem sido considerado amor não convence meu coração. A estrutura que foi criada é opressora e patológica de variadas maneiras. Chama-se de amor pesadas expectativas, carências inconscientes, disfarçadas negociações de poder e lastimável convívio sem validação do individuo. Auto estima é encarada como egoísmo, limites traduzidos em falta de gratidão e liberdade considerada vilã que sempre traz traição.
Aos filhos cabe a tarefa de criar a vida que os pais sonharam e não conseguiram realizar, incluindo utópica esperança de genialidade, sucesso financeiro, reconhecimento público, relacionamentos indestrutíveis e netos. Entre casais o fardo do acordo não assumido de suprir as expectativas de ambas as famílias. Como bola de neve, em nome do amor e com a mais nobre intenção, deixamos a doença crescente descer a montanha soterrando uma geração após a outra.
O amor é exigente e egoísta. Não se deixa manipular e nem se preocupa com expectativas alheias. Sendo valor supremo, só se desenvolve numa atmosfera verdadeira e conscientemente respeitosa. Aprofunda-se na totalidade e mingua diante a qualquer atitude que denigra seu recipiente.
Quem pensa que aceitar descaso alheio, por mais justificado que seja, é fórmula de amor, se surpreenderá adiante com mágoa, ressentimento e ausência do mesmo.
Por medo de não sermos amados, desenvolvemos acordos silenciosos que se tornaram regras de “bem viver”. Politicamente eficiente para manter a aparência do amor, embora totalmente ineficaz para seu crescimento e fatal para os envolvidos. Essa aridez contratual solidifica a intenção de amar e destrói o solo onde deveria florescer. Além de nos aprisionar na solidão da promessa não cumprida.
Regras e teorias se mostraram improdutivas. Resta a possibilidade de tentar a prática. Amar se aprende se amando! Não é erro de grafia não. Comece pelo começo e esse é você mesmo. Seja com falhas, erros, defeitos, distúrbios ou qualquer outra coisa do gênero, apenas aceite o que é e como é. Amor não exige perfeição, apenas sinceridade. Então, respire e relaxe. Dê boas vindas as possibilidades. Inale profundamente e sinta o que brota do seu interior. Deixe o desconhecido correr pelo seu corpo. Aprecie a aventura de começar novo. Refaça, renasça. Acolha o individuo que é. Não tenha pressa... Perceba que está no lugar ideal e na hora perfeita. Expire longamente... Amar é ouvir o que sempre soubemos e ter coragem de permitir.... Experimente!

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