
Existem momentos na vida que se tornam muito complicados. Percebemos que chegamos numa encruzilhada e sabemos não poder mais adiar uma mudança radical. É à hora do despertar, do questionar profundamente, de assumir as rédeas da nossa própria vida. E normalmente acontece porque não temos mais como evitar a cruel realidade de estarmos basicamente infelizes. São fases que por si só trazem muita dor e exigem uma coragem hercúlea para buscarmos novas formas de lidar com o que criamos. Deparamos-nos com a responsabilidade na construção de uma vida que não funcionou como esperávamos, que não traduziu os anseios de nosso coração e que se mostrou asfixiante. E se isso não fosse o suficiente para nos levar ao desespero emocional e existencial, em geral, tem o peso acrescido da montanha de opiniões bem intencionada das pessoas que nos amam. Sábio o sujeito que disse: “De boas intenções o inferno está cheio!”.
Pense bem; aqui está você sem saber ao certo o que sobrou do seu ser original, sem a menor noção do que deixou de fazer para chegar a esse ponto, numa confusão visceral que beira à exaustão, totalmente doído por dentro e por fora e é exatamente nesse ponto que os amigos / familiares resolvem ofertar, sem restrições, as soluções mais “acertadas” para a sua vida. É impressionante o que sabem sobre você, o que entendem da situação e como conseguem prever seu futuro brilhante.
Como a essa altura qualquer colo é um presente dos Deuses, ficamos à mercê da disposição alheia. Receber colo carrega o fardo de ouvir conselhos. Acho que foi o mesmo sujeito sábio que disse: “Se conselho fosse bom, não se dava, vendia”. Mas, o que fazer? Ninguém é de ferro. Até que percebe uma voz surgindo lá dentro do peito... Quem pensa que é para saber sobre mim? Que entende de ser feliz? Como pode se considerar expert da minha vida? Quero ter a vida que você tem ou me relacionar como você? Nasce a consciência da saudável raiva latente... Energia essa que fará o movimento voltar a fluir. E sua sabedoria inata vai começar a lhe lembrar que foi tentando responder a todas as instruções e expectativas alheias que lhe levou para esse grande buraco!
Normalmente é nessa hora que percebemos que não queremos ou podemos mais ouvir! Não somos mais capazes de digerir esse excesso. Chegou a hora de dizer NÃO!
Todo crescimento exige uma escolha e escolher significa abrir mão de alguma coisa. Dizer sim para um caminho e não para o outro. E só se colhe bons frutos quando escolhemos aquilo que é realmente importante para nós. E a única maneira de saber ao certo é experimentar sem medo de dizer um grande e sonoro Não. Sem negociações, sem manipulações, apenas comprometido com a sua verdade. É aqui que a psicologia entra tentando explicar as dificuldades das relações humanas, a família intervém na tentativa de manter a paz e a religião sugere os sacrifícios para os bens maiores. Se não ousarmos dizer não, ainda que momentaneamente, cairemos na mesma armadilha que nos trouxe à crise. Afinal, foi pensando no bem estar “mundial” que nos esquecemos do que precisamos, queremos ou necessitamos.
Estranhamente quando o não finalmente é permitido, quando respeitamos nosso limite, quando honramos nossa dor, somos agraciados com o espaço cicatrizante do sim ao nosso direito de ser feliz. E vibrar nessa freqüência afirmativa é o primeiro passo para curar nosso espírito, acordar nosso coração e encontrar a fonte da alegria de viver. O resto acontece....
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