sábado, 1 de setembro de 2007

O que é idade?



Dalai Lama diz: “Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido”.
Lembro-me da minha avó aos 65 anos. Parecia uma ameixa seca. Faleceu poucos anos depois. Hoje, tenho amigos por volta dos 70 anos. Que diferença! São homens e mulheres ativos, vibrantes, com uma experiência vasta, um conhecimento invejável, um brilho nos olhos que raramente se encontra nos promissores jovens atuais. E embora muitos esperem o contrário, são saudáveis. Mais saudáveis que um enorme número de quarentões ou cinquentões por ai.
O que me faz pensar; o que afinal é a idade? Que peso devemos dar a esse conceito de tempo? O que é o tempo? Existe realmente um linha que possa demarcar as mudanças etárias?
Somos criados com a idéia de que devemos viver e poupar para a aposentadoria. Que seremos produtivos durante um tempo e depois ficaremos à margem. Que poderemos aproveitar a vida enquanto jovens e depois poderemos simplesmente descansar. Isso dá margem à conhecida imagem da vovó sentada na cadeira de balanço olhando saudosamente a vibrante vida que reconhece nos netos. Só que embora a imagem se mantenha, nos dias atuais para ser real precisamos de uma mulher beirando os 100 anos. Na minha infância uma mulher de 60 seria perfeita para o papel. Hoje essa mulher está ativa, feliz, namorando, se trabalhando espiritualmente, viajando e muito provavelmente gerando suspiros de inveja nas pobres mulheres mais novas exauridas pelo stress de serem “super” mulheres.
Como podemos explicar essa mudança de qualidade de amadurecimento? Como o tempo tem sido contado da mesma forma, um dia após o outro, não pode ser considerado aliado ou inimigo. Como então explicar a não velhice das pessoas que já são consideradas socialmente como tal? E refiro-me aqui a homens e mulheres. Alguns poderão dizer que a medicina evoluiu e que existem mais recursos para manter a saúde e a longevidade. Se fosse isso, teríamos uma sociedade inteira mais saudável e nada poderia estar mais longe da verdade.
A única explicação que consigo encontrar é a de que essas pessoas viveram e ainda vivem o momento presente, onde não há tempo. São pessoas que simplesmente respondem as exigências do cotidiano com inteireza e totalidade.
Pessoas que se permitiram transcender os conceitos limitadores impostos pela sociedade e que apenas vivem. A velhice acontece com a desistência, com a crença de que já não podemos mais. E isso é muito triste. Triste porque quebra o ciclo natural do desenvolvimento da humanidade. Crianças, jovens, adultos e idosos, todos juntos formam um círculo perfeito. Esperança, preparação, ação e conclusão. Nada pode ser retirado sem que o todo seja profundamente atingido.
É da conclusão que nasce a possibilidade de aperfeiçoamento. Experiência vivida é o que gera superação. Não me refiro a apego ao passado, refiro-me ao aprendizado que se mantém criativo. E chamo criativo aquilo que se mantém em movimento, pesquisando, observando, buscando curiosamente novas direções. Sendo assim, termino concluindo que idade é sinônimo de criatividade. Idade é a escolha que cada um faz no modo como quer encarar a vida. É descobrir que a cada momento existe uma oportunidade escondida de se renascer e recriar. E em fazendo isso se manter eternamente jovem.

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