
Não faz muito tempo, recebi um e-mail descrevendo a recomendação de um psiquiatra à uma cliente depressiva para arranjar um amante. O texto demonstrava a surpresa da mesma, sua sensação de desconforto e o alívio ao entender que se tratava apenas de encontrar algo que lhe aquecesse o coração, fazendo-a resgatar a capacidade de sentir o prazer de amar.
Passei a me perguntar o que é afinal ter ou ser um amante.
No dicionário encontramos a seguinte definição: Amante é aquele ou aquela que ama. Como explicar então o sentido pejorativo que foi acrescido ao mesmo? Como foi possível transformar um ato de amor, num momento de pecado, erro e traição? E por que sempre que pensamos nessa palavra nunca o fazemos imerso no casamento? O que foi feito dessa união sagrada que obrigou aquele ou aquela que ama a procurar fora da relação o espaço para amar? E por que temos tanta dificuldade em conceber ser e ter amante sem o peso do vulgar, proíbido e imoral?
Sinceramente, nasci para ser amante. Nunca me percebi encaixável na moldura de senhora casada. Nunca desejei o conforto de um relação duradoura no sentido tradicionalmente aceito pela sociedade. Já fui amante no sentido julgado e condenado, mas jamais destrui um casamento. Aliás, como poderia? No momento em que uma relação se torna aberta a presença de uma terceira pessoa, como acreditar que ainda existe algo a ser destruído? E por mais que entenda o discurso hipócrita das dificuldades de uma separação, não consigo evitar uma certa melancolia em pensar que ainda existem pessoas que se contentam em viver sem amor.
É por isso que sempre me jogo na vida como amante. Aberta e sedenta pelo prazer de viver os momentos com a percepção aguçada de que são únicos, mágicos e insubstituíveis. Não penso em tempo linear, em anos compartilhados com afinco, em segurança financeira, em perpetuação através de filhos, etc. Penso em encontros genuínos, em partilhar sincero, em descobertas íntimas, em amizade profundas, em conhecer e ser conhecida até poder ser sem restrições e principalmente em amar com todas as células do meu corpo.
E a experiência me provou que a única coisa capaz de ligar duas pessoas com um vínculo inquebrável é exatamente essa totalidade, essa entrega honesta, essa aceitação sem cobranças, essa capacidade de viver o que se apresenta sem se deixar envolver pelos códigos e rótulos sociais de como deve ser uma relação.
Voltando a palavra amante, creio que é algo que tende à extinção no seu sentido positivo. Quantos são capazes de se deixar guiar apenas pelos seus corações? Quantos ousam se despir e realmente se deixar ver e conhecer pelos outros? Quantos ainda percebem a sexualidade como uma demonstração natural do transbordamento de amor? Para ser amante precisa-se ser capaz de se amar tanto que se torna impossível não transbordar. Quem ainda sabe o que é se amar? Quem ainda consegue delimitar o espaço que precisa para se manter íntegro e não se deixar castrar pelas restrições sociais? Por isso e muito mais, acho que o Amante será cada dia mais raro. E o mundo todo perde com isso.
E no que diz respeito ao lado mais conhecido, o lado obscuro e reprovado, o amante como agente de traição, como mentiras e distorções, esses se tornarão cada vez mais comuns. Corroendo a integridade dos relacionamentos, semeiam o descompromisso com o desenvolvimento da essência humana. Serão também responsáveis pela aceitação do isolamento e da desconfiança entre as pessoas. Além de abrir espaços nebulosos onde enxergar a realidade dos encontros se tornará algo por demais complicado, senão impossível.
Num mundo ideal, cada ser humano deveria permanecer um amante em tempo integral! Pulsando e vibrando sempre no desejo e ânsia de compartilhar, descobrir e vivênciar o amor no sentido mais amplo possível. Infelizmente, no mundo real, incentivamos a manutenção de comportamentos que já se provaram venenosos. Ainda buscamos a segurança e a estabilidade nas relações, apesar de tantos resultados catastróficos. E enquanto nos mantivermos nesse caminho árido, estaremos fertilizando o solo das relações superficiais, das amizades que não vingam e de seres humanos que jamais saberão o quanto são capazes de criar, transformar, acrescentar, partilhar e viver em estado de paixão.
Não há nada mais ousado do que amar. E não há nada que seja mais valioso! Entre amantes e amantes.... Arrisque tudo. Se entregue por completo. A recompensa é certa e é sua. Se algo for perdido, olhe com atenção..... e verá que não era seu para começar.
Passei a me perguntar o que é afinal ter ou ser um amante.
No dicionário encontramos a seguinte definição: Amante é aquele ou aquela que ama. Como explicar então o sentido pejorativo que foi acrescido ao mesmo? Como foi possível transformar um ato de amor, num momento de pecado, erro e traição? E por que sempre que pensamos nessa palavra nunca o fazemos imerso no casamento? O que foi feito dessa união sagrada que obrigou aquele ou aquela que ama a procurar fora da relação o espaço para amar? E por que temos tanta dificuldade em conceber ser e ter amante sem o peso do vulgar, proíbido e imoral?
Sinceramente, nasci para ser amante. Nunca me percebi encaixável na moldura de senhora casada. Nunca desejei o conforto de um relação duradoura no sentido tradicionalmente aceito pela sociedade. Já fui amante no sentido julgado e condenado, mas jamais destrui um casamento. Aliás, como poderia? No momento em que uma relação se torna aberta a presença de uma terceira pessoa, como acreditar que ainda existe algo a ser destruído? E por mais que entenda o discurso hipócrita das dificuldades de uma separação, não consigo evitar uma certa melancolia em pensar que ainda existem pessoas que se contentam em viver sem amor.
É por isso que sempre me jogo na vida como amante. Aberta e sedenta pelo prazer de viver os momentos com a percepção aguçada de que são únicos, mágicos e insubstituíveis. Não penso em tempo linear, em anos compartilhados com afinco, em segurança financeira, em perpetuação através de filhos, etc. Penso em encontros genuínos, em partilhar sincero, em descobertas íntimas, em amizade profundas, em conhecer e ser conhecida até poder ser sem restrições e principalmente em amar com todas as células do meu corpo.
E a experiência me provou que a única coisa capaz de ligar duas pessoas com um vínculo inquebrável é exatamente essa totalidade, essa entrega honesta, essa aceitação sem cobranças, essa capacidade de viver o que se apresenta sem se deixar envolver pelos códigos e rótulos sociais de como deve ser uma relação.
Voltando a palavra amante, creio que é algo que tende à extinção no seu sentido positivo. Quantos são capazes de se deixar guiar apenas pelos seus corações? Quantos ousam se despir e realmente se deixar ver e conhecer pelos outros? Quantos ainda percebem a sexualidade como uma demonstração natural do transbordamento de amor? Para ser amante precisa-se ser capaz de se amar tanto que se torna impossível não transbordar. Quem ainda sabe o que é se amar? Quem ainda consegue delimitar o espaço que precisa para se manter íntegro e não se deixar castrar pelas restrições sociais? Por isso e muito mais, acho que o Amante será cada dia mais raro. E o mundo todo perde com isso.
E no que diz respeito ao lado mais conhecido, o lado obscuro e reprovado, o amante como agente de traição, como mentiras e distorções, esses se tornarão cada vez mais comuns. Corroendo a integridade dos relacionamentos, semeiam o descompromisso com o desenvolvimento da essência humana. Serão também responsáveis pela aceitação do isolamento e da desconfiança entre as pessoas. Além de abrir espaços nebulosos onde enxergar a realidade dos encontros se tornará algo por demais complicado, senão impossível.
Num mundo ideal, cada ser humano deveria permanecer um amante em tempo integral! Pulsando e vibrando sempre no desejo e ânsia de compartilhar, descobrir e vivênciar o amor no sentido mais amplo possível. Infelizmente, no mundo real, incentivamos a manutenção de comportamentos que já se provaram venenosos. Ainda buscamos a segurança e a estabilidade nas relações, apesar de tantos resultados catastróficos. E enquanto nos mantivermos nesse caminho árido, estaremos fertilizando o solo das relações superficiais, das amizades que não vingam e de seres humanos que jamais saberão o quanto são capazes de criar, transformar, acrescentar, partilhar e viver em estado de paixão.
Não há nada mais ousado do que amar. E não há nada que seja mais valioso! Entre amantes e amantes.... Arrisque tudo. Se entregue por completo. A recompensa é certa e é sua. Se algo for perdido, olhe com atenção..... e verá que não era seu para começar.
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