A maioria das relações
termina porque um dos envolvidos percebe, que por mais que se esforce, não
consegue se fazer ouvir.
Em geral, isso significa que
o outro se sente traído e pego de surpresa. Para um; desistir significa reaver
o controle de sua vida e algum senso de respeito próprio.
Para o outro; uma reação
extrema que desestabiliza e machuca, além de parecer injusta.
O que é isso que faz um falar
algo e outro não ouvir ou simplesmente entender tudo de forma diferente?
Uma amiga leu meu último
texto e me escreveu um bilhete doce, tentando me consolar dizendo que a paixão
torna tudo muito complicado.
Foi especialmente eficiente
para me fazer olhar o que me levou a uma relação sem chances de evolução. Bem,
para inicio de conversa, paixão certamente não foi o combustível para a minha
persistência.
Olhando e reavaliando, foi a
falta que me seduziu. Chega a ser engraçado. Se não fosse trágico!
Conheci uma pessoa que me
esfria! Sim, isso mesmo. Não como calmante que dá sonolência, mas como água num
dia quente. Sou intensa, emocionalmente abissal, neuroticamente comprometida
com meu crescimento. Séria demais. Densa demais. E em geral, sou seduzida por
relacionamentos que alimentam isso.
Nesse caso, o que aconteceu
foi um grande período de descanso. Tive que abrir mão do meu peso para poder
estar no mesmo nível. E me senti feliz, leve, infantil. Um grande presente, que
foi especialmente difícil de largar. Até porque acredito no potencial da
relação. E se desisti, foi exclusivamente por perceber que não consigo me fazer
entender.
Leveza foi traduzida como leviandade,
confiança foi entendida como disponibilidade ilimitada, entrega confundida com
cobrança e totalidade simplesmente não foi entendida.
A possibilidade era de uma
relação com risos, nutrição emocional, liberdade, respeito e estimulo ao
crescimento de cada um. O que aconteceu foi um choque entre crenças e
condicionamentos.
O que não criou raízes para
os dois, explodiu internamente como consciência de que quero viver e ser feliz.
E que para ter uma relação não desejo paixão. Quero amizade. Amizade que se
compromete em lutar pelas pessoas envolvidas e não cede em prol da relação.
Respeito pelos limites e lealdade aos sentimentos presentes. Ouvir e falar,
sabendo que haverá disponibilidade para investir no diálogo até que a
compreensão emocional se estabeleça. Não preciso entender ou ser entendida
racionalmente, mas não sei como permanecer no não reconhecimento emocional.
Como aprendizado esse
encontro foi algo especial em tantos sentidos que não posso explicar. Perceber
o que quero pacificou algo internamente de maneira profunda. E pela experiência
ficou mais fácil lidar com a grande dificuldade de qualquer relação.
Difícil não é se fazer ouvir
ou compreender. O desafio é não se perder na tentativa de efetivar a
comunicação. Ser fiel aos próprios sentimentos, brigar por eles e saber quando
desistir (se for o caso), isso sim faz a diferença.
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