terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Livre arbítrio


Chega a ser cômico perceber que apesar de ter sido defensora ativa na adolescência do livre arbítrio, hoje me descubro profundamente incomodada pelo conceito. Talvez, seja apenas amadurecimento ou uma visão mais abrangente graças às novas e assustadoras descobertas da física quântica. Não importando como ou porquê o fato é que atualmente percebo o livre arbítrio como um grande engodo. Para ter liberdade de escolha creio que precisamos de consciência plena, o que já cria imensas dificuldades, e teríamos que ser seres isolados uns dos outros. Como essas condições não existem, o que fica de fato é a desculpa esfarrapada para ações desprovidas de responsabilidade.

Li uma matéria na Superinteressante que diz:

Uma experiência feita no Centro Bernstein de Neurociência Computacional, em Berlim, colocou em xeque o que costumamos chamar de livre-arbítrio: a capacidade que o homem tem de tomar decisões por conta própria. As escolhas que fazemos na vida são mesmo nossas. Mas não são conscientes.  (http://super.abril.com.br/saude/livre-arbitrio-nao-existe-447694.shtml)


Como podemos nos sentir donos das escolhas que fazemos se essas não nascem da consciência?

Lembro de Saint Exupéry e seu trecho tão conhecido do Pequeno príncipe:
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativa.” “Que quer dizer cativar? - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços... “

Sabendo que estamos todos envolvidos por energia e que de fato somos um, não há mais necessidade de criar laços e sim lembrar que mesmo afastados por distâncias absurdas, toda ação afeta a todos os outros. O que torna a responsabilidade da busca pela ação consciente algo imprescindível.
Precisamos acordar para o fato que a liberdade não é fruto de movimento individual e sim do envolvimento consciente de liberação de nós energéticos.

Quando faço escolhas levianamente crio bloqueios e dificuldades que se potencializam pela reação que geram. Por isso temos tantos problemas em tantas áreas diferentes.
Só para efeito de exemplificação; olhemos para um casal. Imagine que a idade começa a pesar nos dois; ela se sentido insegura pelo aparecimento de rugas e ele pela possibilidade da perda de vigor. Se ambos conseguem a coragem para lidar conscientemente com isso, poderão transformar esses sentimentos debilitantes em comunicação efetiva e intimidade e com isso abrirão espaços de saúde por onde passarem. Mas, se isso não acontecer, provavelmente farão dos filhos ou amigos próximos palco de todo tipo de loucura e julgamentos críticos. A não aceitação do processo em que se encontram será materializada em mensagens no mínimo danosas que geraram por si só mais carga de desequilíbrio.
Alguns dirão que cada individuo tem seu próprio tempo de despertar e que isso deve ser respeitado. Aceito o argumento até certo ponto, porque percebo que na maior parte das vezes isso se torna um reconfortante pretexto para compactuar com a infantilidade emocional e se eximir do compromisso com uma vida saudável e feliz.
Não creio que tenhamos muito tempo mais para gastar com adiamentos. Somos muitos vivendo num único planeta. Geradores de energias que potencializam-se entre si de forma desordenada e destrutiva.
Os danos estão em todos os lugares em diferentes níveis. Certamente, já temos informações suficientes para parar e refletir se devemos ou podemos permanecer escondidos e indulgentes no conceito do livre arbítrio ou se precisamos e podemos nos colocar heroicamente corajosos frente a verdade de que somos responsáveis por tudo e por todos nesse planeta.
Não existe liberdade significativa na inconsciência.
Que cada um se lembre disso na próxima escolha de ação.



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