terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Eu e o outro...


Em termos de crescimento, os últimos anos foram abençoados. Especialmente no setor de relações afetivas.  Conheci e convivi com uma pessoa que me fez melhor em muitos sentidos. E por ironia do destino, nem sei se é correto dizer que partilhamos um relacionamento.
Basicamente, compartilhamos situações que mostravam o tamanho do meu sim e do não dele. É raro ter a possibilidade de “ser rejeitada” e não se “sentir rejeitada”.  E mais raro ainda é receber consecutivos sinais de portas fechadas e teimosamente se manter aberta.
Creio que foi mérito de ambos. Eu primei pela persistência, ele pela honestidade. A verdade realmente semeia bons frutos.
Se amizade é base de bons relacionamentos, temos chance no futuro. Mas, nesse momento o que existe é uma sensação de deixar ir com gentil gratidão.  E num balanço de início de ano, orgulhosamente reconheço o valor da experiência.
Viver qualquer relação e ter apoio para crescer faz toda a diferença. Mesmo nos momentos dolorosos, que não foram poucos, tive a intervenção de amigos pacientes e pude manter o foco no que me dizia respeito, evitando o tradicional jogo de cobranças que nasce quando nos sentimos tratados aquém do que gostaríamos. 
Ficar na dor de não receber o que se espera não é confortável, mas fazer isso percebendo que o outro está doando o que tem de melhor, gera a possibilidade de questionar o que estamos de fato buscando. Se atraímos alguém indisponível emocionalmente é porque no fundo ainda temos receio de encontrar algo que exija mais de nós. E assim transformamos o que poderia ser uma pancada no ego em situação passível de crescimento.
Ainda que internamente a sensação seja de potencial sem limites, não dá para brigar com a realidade sem causar sérios danos pessoais. O que poderia ser, caí no desejo, na imaginação e pode nos enjaular numa espera desapontada que destrói qualquer respeito ou consideração pelo outro. Já aceitação do momento atual, liberta pela responsabilidade de escolha.
Querer que fosse diferente só mostra a necessidade de fazer outras opções.
Ninguém pode obrigar alguém a sentir o que não sente e não deveria nem tentar. Mas, toda pessoa deveria se comprometer a honrar o que lhe acontece emocionalmente.
Acredito que apesar de eventuais tropeços, consegui manter minha integridade e ser profundamente nutrida por esse encontro amalucado e pouco definido. Durante todo o percurso consegui deixar o amor guiar e não cedi às armadilhas mentais que normalmente culpam o outro.  Aprendi que nem sempre vou obter as respostas que me fariam feliz e que se puder enxergar o outro sem o véu das minhas expectativas posso absorver o impacto através do respeito pelo tempo e limite alheio.
Certamente, não estou preparada para viver o amor que já posso dar. Felizmente, atraí uma pessoa que representou o maior não que já recebi, mas com uma qualidade abençoadamente amorosa que me faz ter esperanças de estar no caminho certo.
No acerto de contas o saldo é positivo já que não consegui o que queria embora tenha recebido o que precisava. E agora, o que quero e mereço terá mais facilidade em me achar. E com sorte... estarei pronta.

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