Hoje me despedi de alguém muito especial para mim. Uma pessoa querida que esteve presente em minha vida nos últimos 10 anos e que agora recomeça sua história particular no outro lado do mundo.
Mesmo acreditando que nos reencontraremos num futuro não muito distante e que esse momento não é mais que um intervalo para ser celebrado, não deu para segurar a dor da perda, do deixar ir.
É surpreendente como os momentos potenciais que sabemos não acontecerão como esperávamos, podem machucar e criar uma atmosfera de abandono e solidão.
Abrir mão do que podemos viver com pessoas que nos são caras e especiais exige uma maturidade que em geral não estamos prontos para ter. Nossa criança interna fica destruída pelos risos, toques, brincadeiras, broncas e qualquer outra atividade que poderia partilhar com essa pessoa específica que encontrou o caminho para dentro de nossa vida e coração, mas que agora não estará mais a disposição. Dá vontade de ter um colapso, bater o pé de forma malcriada, gritar, chorar compulsivamente e correr para os braços da figura mais próxima do papel de mãe, só para fazer queixa e buscar esperanças de que sobreviveremos.
Relacionamentos nada mais são do que o resultado verdadeiro da combinação das energias das partes envolvidas. Isso os torna mágicos e cruéis ao mesmo tempo. Não se pode substituir uma pessoa porque ela tem o que ninguém mais tem. Cada relação é diferente e específica. E se alguém nos atinge de uma maneira profunda, direta, criativa, deixar ir é dizer sim para não sermos mais aquilo que apreciamos ser. Uma loucura!!!
Como dói aceitar que caminhos se cruzam, trazem enriquecimento e alegria e precisam se separar. Aceitar a mudança é complicado porque nos sentimos partidos e assustados com o novo cenário.
Acho que é aí que temos a oportunidade de descobrir o quanto somos capazes de amar. Só no amor profundo é que se encontra sanidade para perdoar quem nos deixa pelo desejo que sentimos de que seja feliz. Libertar para manter. Sair do apego material para mergulhar nessa fonte de energia com inteligência própria que determina o fluxo da vida aquém de nosso entendimento.
As estações passam, o tempo corre, o mundo se transforma e renova a cada instante. Assim a vida se perpetua.
Talvez, na ausência obrigatória sejamos capazes de compreender que somos modificados pelos outros e que assim nos tornamos unidos para sempre. Talvez, crescidos na saudade nos tornemos aptos a viver o milagre do momento presente. Talvez, esses intervalos de mão vazias nos ensinem a celebrar o próximo encontro sem medo.
Seja qual for a razão, dizer adeus ou até logo, nos obriga a encarar o que fomos ou deixamos de ser e o que vivemos e ainda gostaríamos de viver.
As lágrimas que ardem no rosto, nos mandam de volta a nossa própria verdade e isso nos acorda e nos convida a renascer. Com sorte assim o faremos, mais fortes, mais sensíveis, mais confiantes, mais reais.
Gratos pelas impressões deixadas e pela certeza de que valeu a pena!
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