quarta-feira, 2 de março de 2011

Equilíbrio


Cada pessoa tem sua maneira própria de sentir, ver e se expressar. Talentos, dons, qualidades, defeitos, inseguranças e pontos cegos determinam o que somos e onde estamos. Quanto mais nos comprometemos com nosso auto conhecimento, mais facilmente lidamos com os “outros” em nossas vidas.

Toda relação ou encontro é oportunidade de avaliar e crescer. E deveria ser encarado como presente e aventura. Em realidade isso nem sempre acontece já que o outro também espelha características nossas que não queremos ou estamos prontos para acolher ou aceitar.

Relacionamentos considerados difíceis e dolorosos geralmente são os de maior potencial para o desenvolvimento individual. Esses são representantes daquilo que ainda precisamos validar. Mostram partes que precisam amadurecer ou simplesmente materializam nossos limites e restrições. São como catalisadores de consciência, que iluminam quartos escuros abandonados internamente.

Olhar para encontros dessa forma, cria um espaço de respeito e gratidão ao outro, mas não é suficiente para que a relação se mantenha ou cresça.

Nossas dores reprimidas, inseguranças veladas, medos inconscientes não são fáceis de lidar e se alguém os ativa, pode acabar se tornando “o inimigo” que incomoda e desequilibra. Ainda que sinceramente busquemos o aperfeiçoamento, alguns encontros podem estar além do que somos capazes de lidar no momento e embora tragam o potencial para poderosa mudança, serão sabotados, rejeitados e deixados para trás. Felizmente, a confusão que criam invariavelmente desestrutura as limitações, abrindo espaços que, independente do tempo de germinação, traz transformações. O ganho pode demorar a ser reconhecido, mas brotará quando necessário.

É por essa razão que continuamos a nos relacionar mesmo que tenhamos vivido relações extremamentes exigentes e conturbadas. Não importa quão destruídos nos sintamos, intuitivamente compreendemos que fomos responsáveis co-criadores do processo que nos trouxe tanto desconforto e que atraímos aquilo que precisávamos para nos ver melhor, ainda que essa visão se mostre inferior ao que gostaríamos. Sabemos que nos tornamos maiores e melhores pelos atritos e que por causa disso poderemos criar futuros mais criativos.

Nesse continuo processo de experimentação vamos construindo a base que precisamos para nos relacionarmos com menos projeções, conflitos, exigências ou cobranças.

Cada relação, independente do tipo ou duração, acende uma luz que se fortalece e liberta. Quanto mais aprendemos sobre nós mesmos, mais podemos dar e receber do outro.

O equilíbrio é saber o que acontece quando. Quem é o outro nesse momento? Alguém que incomoda e desperta ou que acalenta e conforta? Talvez, seja ambos simultaneamente. Qualquer que seja a situação, a harmonia pode nascer apesar das ondulações. Saber reconhecer o papel que um relacionamento desempenha pode facilitar muito já que assim resgatamos nosso poder de escolha e participação.

Manter o foco nas nossas verdades e necessidades não é só respeitoso conosco, é também compassivo com o outro. E sejamos honestos... Como algo pode deixar de florescer, quando a base é de respeito e compaixão?

“A verdade vos libertará!” E a verdade é que somos tanto o EU como o OUTRO! Oportunidade e desafio! Luz e escuridão! O equilíbrio é ser ambos com consciência. Saber valorizar o que damos e o que recebemos. Encontrar a harmonia nesse movimento incessante que nos fortalece e nutre. E jamais deixar a oportunidade passar de simplesmente ser grato.

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