quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Saúde e sexo



Um grande movimento de despertar está acontecendo no que diz respeito à preocupação de nos mantermos saudáveis. São muitos os artigos, em todo tipo de mídia, que tratam do assunto, englobando desde conselhos estéticos até dicas de alimentação, atividades físicas e freqüentes exames médicos. Fala-se de qualidade de vida, diminuição do ritmo, técnicas de relaxamento e meditação, enfim desacelerar para permanecer equilibrado.
Contudo, pouco se fala da importância do sexo nesse quadro. Vale ressaltar que aqui entendo sexo, não só como encontro físico entre duas pessoas, mas sim a energia de vida que representa.
Traduzo sexo como a capacidade individual de se manter inteiro no momento e de se permitir prazer. Sei que é uma definição abrangente, mas pela experiência própria aprendi que ou se é abrangente nesse sentido ou lidamos com as limitações em todas as áreas de nossa vida.
Normalmente, acreditamos que o sexo apenas é importante entre quatro paredes. Se assim o fosse, não ouviríamos tantas pessoas casadas dizerem que o casamento os fez celibatários.
Todo energia precisa fluir. Toda energia precisa encontrar formas de se renovar para não entrar em desequilíbrio.
Ser consciente sexualmente falando impõe certos compromissos.
Primeiro: Saber lidar com o próprio corpo. Segundo: Ter auto estima suficiente para ser verdadeiro com seus sentimentos. Terceiro: Ser capaz de parar o falatório incessante da mente para permanecer no momento presente. Quarto: Perceber que o prazer nasce e morre dentro de cada um, assim permitindo que o outro compartilhe sem o peso de se tornar supostamente responsável. Quinto: Permanecer brincalhão.
Se olharmos para esses itens, torna-se óbvio a relação com saúde. Não há como ser saudável sem considerar nossas necessidades físicas e emocionais, nem tampouco ignorando as tendências que temos de cobrar do outro aquilo que nos dá prazer.
A vida é partilhada, mas cada um é responsável pela própria. Você não espera que alguém cuide da sua casa por você, não é? Nem gostaria de achar a vizinha fuçando suas gavetas... O corpo é como a nossa casa. Precisamos saber como funciona, onde estão nossos bens, se temos mantimentos suficientes, que decoração nos agrada, etc. Temos o direito de escolher quem convidamos, quem recebemos, quem gostaríamos que permanecessem por mais tempo e quem precisa ir embora. Além de manter sagrados espaços privativos para descanso e relaxamento quando necessário e indicado.
Como qualquer lar, tanto casa como corpo, precisam de comprometimento, cuidados freqüentes, e da certeza que refletem com verdade aquilo que vai dentro de cada um.
Saúde deveria ser muito mais que apenas não estar fisicamente doente. Saúde deveria ser um estado de harmonia profunda enraizado na capacidade individual de ser criativamente sexual. Precisamos manter viva nossa capacidade de sentir com o corpo inteiro. Fazíamos isso quando crianças e abrimos mão com o crescimento “civilizado”.
Não devemos continuar caminhando adormecidos. Urge acordar para resgatar a alegria de andar na chuva, se lambuzar com o bombom predileto, rir até chorar, abraçar com o coração, deixar ver o quanto sentimos, dançar no meio da rua, cumprimentar um desconhecido e principalmente recuperarmos a sensação de estarmos à vontade com o que somos.
Ser saudável é estar sexualmente envolvido com a vida, celebrando por inteiro os pequenos milagres do dia a dia e resgatando a paixão de ser tão somente o imenso mistério que se é.

Nenhum comentário: