quarta-feira, 7 de março de 2007

Lixo



No dia 10 de Julho de 2006, a Folha publicou um artigo sobre uma senhora que guardou 250 toneladas de lixo em sua própria casa. A foto acima é referente a esse artigo. A idosa e seu filho foram indiciados por crime contra a saúde pública. Não sei o que aconteceu depois, mas isso demonstra claramente algo que me vem preocupando faz algum tempo.
Imagine que o governo de seu país crie uma lei que lhe obrigue a manter seu lixo dentro de sua casa. Imagine que você tenha que reciclar o mesmo e armazenar os resíduos em algum lugar dentro de sua residência. Já dá até para sentir o cheiro, não é? E o que dizer dos bichos, falta de espaço, toxidade e outras tantas conseqüências nada atraentes de conviver com detritos e matérias putrefatas.
Se você acha essa idéia louca, improvável e sente vontade de achar graça, sugiro que pare e dê uma segunda olhada. O que acha que estamos fazendo com nosso planeta? A única diferença é que uma pessoa só conseguiu juntar 250 toneladas de lixo e nós todos produzimos uma quantidade infinitamente superior a isso. E mesmo que pensemos que nossa garagem é bem, bem maior, deveríamos lembrar que não é infinita.
E ainda mais grave é refletir sobre o tipo de lixo que estamos gerando e armazenando. Como populações, não lidamos apenas com restos de nossa alimentação, mas também com tudo que há de mais nocivo e tóxico possível. E o fazemos numa velocidade maior do que a terra pode se reciclar. Não é de se espantar quando percebemos que nossos legumes, frutas, verduras, carnes, não são mais o que costumavam ser.
Hoje, cientistas dizem que esse ou aquele alimento é nocivo à nossa saúde. Você se pergunta se isso é possível, pois as gerações anteriores consumiram os mesmos e não só eram mais saudáveis, mas também viveram por mais tempo do que estamos esperando viver. O problema é que o nome e a aparência do alimento se manteve, mas o que ele contém é infinitamente diferente do que costumava ser.
Nosso solo não é mais o mesmo, nem nossa água e muito menos nosso ar. E enquanto nos damos o direito de não olhar para isso, permanecemos cúmplice desse crime contra a saúde do planeta e colocamos nossa própria sobrevivência em risco.
Será que ainda cabe varrer essa situação para debaixo do tapete???

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