
A primeira vez que ouvi falar sobre a síndrome do pânico foi há uns 14 anos atrás. Nessa época poucos sabiam do que se tratava. Hoje, quem não esteve à beira de ter, conhece alguém que já teve ou esteve na beira de ter ou conhece alguém que conhece alguém que teve. E acredito que o número de vítimas vai aumentar.
Pense num copo vazio que foi colocado embaixo da torneira do filtro que está vazando. Uma gotinha de cada vez. Até que o copo se enche e transborda. Cada um de nós é um copo. Se enchendo a cada dia com as informações, milhares de informações, que recebemos todos os dias. As coisas entram, nos preenchem, até que nos afogamos com elas. E se não enfartamos, pânicamos.
De todas as coisas que ouvimos, vemos, lemos, assistimos, 90% no mínino é de espantar fantasma para debaixo da cama. Que dizer de nós pobres mortais? Como viver num mundo, onde tudo que se ouve e vê é razão para se afligir, se sentir extremamente inseguro e se manter sempre em alerta?
Hoje, sair de casa é sempre uma aventura na selva. E por mais que se pense que se tira de letra ou que é possível se acostumar, digo que isso é besteira. Nenhum ser humano consegue passar ileso por toda violência, descaso, desrespeito, abuso, barulho excessivo, e tanto mais. Se fosse possível, não veríamos tantas pessoas adoecendo, desistindo de viver ou simplesmente pânicando.
De todas as emoções e sentimentos o medo é um dos mais difíceis de lidar. A raiva te move, a dor te leva para dentro, mas o medo te paralisa e com essa paralisia se auto alimenta. No medo buscamos inspirar e sentimos que não podemos. Mas, quanto mais forçamos a inspiração, mais alimentamos o medo. Liberar e transcender só é possível com expiração. E quem se lembrar de expirar quando a sensação é de catástrofe eminente?
De todas as possíveis curas para esse mal que a tantos aflige, não acredito em nenhuma que não trabalhe a respiração e faça a pessoa se perceber segura dentro de seu próprio corpo. Muito além de parar de sentir medo, é necessário perceber o que levou a pessoa a crise. É óbvio que todos os motivos estão aí para quem quiser ver, mas o que realmente importa é descobrir o que fez os diques romperem e defesas se quebrarem.
No exemplo do copo temos um objeto com uma única entrada. Um objeto que guarda até não caber mais. O ser humano deveria ser capaz de fluir. A energia deveria ser recebida, acolhida, transformada, absorvida e finalmente liberada. Quando se perde essa capacidade faz-se necessário criar uma forma de esvaziar o sistema. O acesso de pânico traz essa oportunidade. Como todos os outros desequilíbrios, faz da pessoa sua própria prioridade. É hora de parar e restabelecer a ordem.
E a primeira coisa a lembrar num acesso de pânico é que embora todo o corpo esteja banhado pelo pavor, a pessoa não é o medo. Ela está com medo, mas não é o medo. Esse passo para trás dá o espaço suficiente para a segunda coisa que é EXPIRAR! Deixe a energia fluir, deixe o medo fluir, deixe o corpo tremer e suar, deixe o que precisa ser liberado encontrar a saída. E quando o centro se fizer notar, quando a tempestade começar a se dissolver, procure alguém ou alguma coisa que te dê a chance de manter esse movimento saudável de receber e dar, inspirar e expirar, abrir e fechar. Algo que trabalhe sua respiração, acorde seu corpo e alimente seu espírito através da criativa expressão de seus sentimentos.
Se o ser humano acordasse para a importância de resgatar o prazer em sua vida, na certa os consultórios médicos não seriam tão freqüentados e síndromes como a de Pânico voltariam a ser algo que consta apenas nos livros de medicina.
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