quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Equilíbrio


Cada pessoa olha para os relacionamentos de forma diferente. As expectativas são distintas e as necessidades também. Então, se relacionar demanda uma incrível capacidade de auto observação para funcionar.
Imaginar que apenas inícios e fins são momentos complicados é um engano imaturo. O que determina de fato a complexidade de se relacionar é o momento em que somos confrontados com os desequilíbrios óbvios entre o que cada envolvido espera do outro.
Quando isso acontece, temos a tendência a priorizar a manutenção da relação e com isso mergulhar no caminho da separação. Abrindo mão de nossa verdade passamos a nos machucar de uma maneira muito difícil já que, mesmo culpando o outro pelo desconforto, uma voz interna desperta e passa a nos cutucar. No fundo sabemos que somos responsáveis pelo que estamos vivendo e que de nada adianta fingir o contrário. Persistir nessa direção, complica tudo, porque ficamos confusos entre a raiva que sentimos do outro e a decepção que sentimos de nós mesmos.
Ver o que é real pode ser devastador, mas é necessário para encontrar a solução mais criativa para aqueles que se amam. Em alguns casos isso se traduz em amar tanto que não podemos deixar ir e concomitantemente perceber que não somos amados o suficiente. Lidar com o conceito de que amamos alguém que não sabe realmente retribuir nos coloca num lugar muito ruim. Especialmente quando acreditamos que está fazendo o melhor que pode.
Exigir que faça melhor não serve para muito mais do que criar uma sensação de inadequação e ineficiência que acabará tornando tudo mais enrolado.
Acredito que essa é a hora de se obrigar, caso seja necessário, a agarrar o amor e seguir a direção que ele aponta. Aceitar as limitações do outro nos dá espaço para perceber nossas próprias carências e isso abre as portas para que encontremos novas formas de nos nutrir.
Nossa complexidade emocional é imensa e justamente por isso, temos incontáveis maneiras aceitáveis de preencher os buracos que nosso parceiro é incapaz de preencher.
Não estou falando de traição. Não estou falando de substituição. Estou falando de escolha consciente.
Celebrar as qualidades e aceitar as deficiências. Perceber o que nos nutre e tirar a energia do que nos machuca. Saídas alternativas que geram energia extra para a manutenção pacífica e gradativa de uma realidade mais equilibrada.
Aprender a colocar limites, a se dizer sim, mesmo quando arriscamos a relação, fortalece o amor. E é isso que nos mantém no caminho. Amar com consciência e comprometimento. Amor é base, não conseqüência. E o amor não se dobra ao medo. Amar significa aceitar o que é e lidar honestamente com isso. Ainda que no processo tenhamos que abrir a mão e deixar ir... libertar para realmente poder encontrar. E se a separação acontecer em amor... A existência agradece e o amor sobrevive no respeito e na coragem da nossa própria verdade! 

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