quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Saudade



Ontem falei de você. E não pude deixar de imaginar como seria diferente se estivesse aqui.
Lembrei de momentos doídos e de profunda alegria. Pensei em fases de crise e na intensidade dos recomeços. Senti abraços cheios de ternuras e lágrimas de saudade. Percebi uma jornada vivida com a mais honesta entrega e com autêntica dedicação.
Carrego impresso na memória a sensação de segurança da sua presença, o conforto de seu colo e a força de sua busca por concretização em todos os níveis.
Busquei ouvir sua voz e recordar o riso compartilhado. Mãos se entrelaçaram sem querer nesse espaço amplo da lembrança. Vi-lhe vibrando dentro de meu coração. E entendi que a morte realmente não tem consistência. Mortos são apenas os esquecidos. A vida se perpetua sempre através do amor que persiste. Como na música, estamos separadas apenas por uma respiração.
Fecho os olhos e celebro a gratidão do que aprendi e partilhei contigo. Descubro uma ânsia em poder dizer-lhe o quanto ainda importa. O quanto ainda sustenta e incentiva. Creio que não seja necessário...
No fundo, não sei muito sobre caminhar sozinha. E não me afogo em meu próprio medo pela intuição de que não estou de fato separada. Cada célula carrega parte do passado e esse conhecimento além da compreensão racional, indica a direção. Entre o momento do encontro em vida e a despedida temporária da morte, somente uma história para se contar. E nesse intervalo apenas uma brisa fresca e um aroma compartilhado....
Saudade.

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